Leonard - As horas sempre custam tanto a passar.(pausa) As madrugadas s�o infinitas .(pausa) Como estar� a lua hoje? (pausa) Como estou eu? ... ( levanta e caminha lento at� o lado direito do palco onde encontra-se um grande espelho) ( se poss�vel ser� segu7ido por canh�o ou ser� aberto um corredor de luz at� o espelho) ( olha-se no espelho, muito) Quem sou eu?... (pausa curta) Quem � voc� no espelho? ... ( pausa curta) Quem � Leonard? ...( grita) ( abre foco fechado em Petrus)
Petrus - ( Olhando sempre para um mesmo ponto e fazendo sempre o mesmo gesto) Um homem solit�rio, solit�rio quer dizer sozinho; silencioso, calado, muito queto, quietinho; amargo, que nem gil�; esconde seus sonhos atr�s da m�scara. Da macara que ele usa. os meus sonhos t�o dentro da minha cabe�a, l� bem dentro, dentr�o... os dele est�o escondidos atr�s da m�scara. Tanta gente tem sonhos... tanta gente tem m�scara... ele s� usa, usa a m�scara para esconder os sonhos... sonhos... sonhos...
Leonard - (em tom alto ) Disse alguma coisa Petrus? ( Petrus n�o responde , continua sempre com olhar e gestos firmes e fixos) Leonard - Pensei que dormias . ( olhando em dire��o a Petrus.) Virna - Quem dorme com tua agonia? ( do outro lado do palco). Quem � capaz de n�o acompanhar os teus passos? tuas angustias... Luz morre em Petrus
Leonard - Tamb�m me ouves Virna? ( caminha lentamente at� ela) Perd�o se te acordei. Virna - Vem at� aqui, divida comigo o peso destas horas que o tempo torna sempre intermin�vel. (Virna gesticula com uma das m�os com se o chamasse para aproximar-se dela. Leonardo chega e para a seu lado. Ela pega sua m�o , faz com que ele sente e depois deite em seu .)
Leonard - Perd�o se te acordei Virna. Sinto-me fraco, como se estivesse ferido.
Virna - As maiores feridas s�o as do cora��o e da alma. (fala enquanto acaricia seus cabelos)
Leonard - Minha alma est� cansada Virna . Olho a janela e n�o vejo futuro nenhum. (pausa). N�o sei quantas madrugadas sobrevivo mais, sem Ellen.(Levanta-se). O meu amor por ela � tanto que tenho medo de n�o ter for�as para... Virna - Os fortes de esp�rito sempre vencem.(levanta-se tamb�m). As conquistas e vit�rias precisam ser planejadas.
Leonard - Preciso dela como do oxig�nio. (pausa) Preciso sentir seu
cheiro. (pausa) N�o suporto mais n�o poder toc�-la. Nem ao menos dizer-lhe o que sinto. Virna - E porque n�o? deixe que o cora��o conduza suas a��es. V�... � seu destino.
Petrus - Alguma coisa me diz que as coisas v�o mudar por aqui.
(gesto cont�nuo) Eu vi... eu sabia... ningu�m me disse... mais eu vi... eu sabia... ningu�m disse... mais eu sabia... eu vi... eu sabia... eu n�o disse pr� ningu�m... mais eu sabia... eu vi... eu vi mesmo... eu vi... (gesto cont�nuo enquanto houver luz).
Leonard - Vou busc�-la
Virna - (sem luz, acende uma vela e ilumina seu pr�prio rosto) Os fortes de esp�rito sempre vencem.
Leonard - (levantando-se) Vou traz�-la para c� (amea�a sair
chegando at� a boca de cena) vou roub�-la para mim, Virna. (saindo correndo pelo corredor e sumindo no final da plat�ia)
Virna - Quem de n�s pode deter um amor verdadeiro. (apaga a vela)
(Enquanto isto a m�e de Leonard entra em cena no palco, mudan�a de luz)
M�e - James...
James - Sim, madame
M�e - J� n�o lhe dei ordem para apagar todas as velas a noite.
James - Sim, madame
M�e - Apagastes as velas meu caro james.
James - Sim, madame. Ap�s todos irem dormir.
M�e - Ent�o elas se acenderam sozinhas novamente.
James - imposs�vel madame
M�e - Ent�o me explique como elas est�o acesas novamente?
James - N�o, sei dizer madame. Mas...
M�e - Mas... o qu�?
James - O menino Leonard andou pela casa durante toda a noite, Madame. M�e - Ele anda cada vez mais atormentado n�o � mesmo?
James - Tamb�m acho Madame. Mas...
M�e - Mas o qu� james? continue...
James - A senhora Virna conversava com ele. Pude ouvir suas vozes.
M�e - Menos mal, ele gosta muito de aconselhar-se com Virna.
James - Sim, madame.
M�e - Passou pelos aposentos de meu filho essa manha?
James - N�o, madame
M�e - Espero que esteja dormindo tranquilo agora.
James - Quer que v� v�-lo Madame?
M�e - Obrigado james, prefiro que apague as velas agora.
James - Claro, Madame?
M�e - Virna j� levantou-se?
James - Logo cedo, Madame.
M�e - Preciso estar com ela para saber de Leonard.
James - Ela est� l� fora, quer que a chame, Madame?
M�e - N�o a incomodarei. O ritual da manh� � uma das coisas que mais temos de respeitar em Virna.
James - A concentra��o ao nascer do sol traz bons fluidos para todo o dia, certo Madame? (M�e continua de um lado para outro, enquanto ouve-se o tic tac de um rel�gio de parede. O som das baladas do rel�gio (7 vezes) deve ecoar.)
M�e - Sete horas da manh�, n�o sei porque acordei t�o tarde.
James - Precisou de mais sono para repor suas energias, Madame.
M�e - (assustada) Ouves vozes, James?
James - Sim Madame. Alto e claro.
(Gritos mais claros)
(entram no fundo, Leonard, arrastando Ellen)
Ellen - Me largue... me solte... socorro... socorro... algu�m me ajude (Leonard tapa sua boca e arrasta-a at� o palco)
Leonard - Calma (carrega-a pelo palco at� coloc�-la sentada em sua
cadeira favorita) (o mordomo permanece inerte, alheio aos acontecimentos) (a m�e estupefata, est�tica como uma est�tua)
Ellen - Voc� vai pagar muito caro pelo que est� fazendo!
Leonard - Nada � t�o cruel, quanto viver sem ver o brilho dos seus olhos. (aproximando-se lentamente dela).
Ellen - Do que voc� est� falando?
M�e - O que est� acontecendo aqui Leonard?
Leonard - Afaste-se minha m�e
M�e - Meu filho, que fazes com essa mo�a?
Leonard - v� ao seu quarto minha m�e, vou ter com voc� em instantes e lhe explicarei tudo. V�...
M�e - Meu filho isto n�o � correto.
Leonard - (para o mordomo) Por favor me deixem s�. Este assunto � meu!
M�e - Leonard! ou�a sua m�e.
Leonard - Por favor!!!
(Saem, ficando s� Leonard e Ellen)
Ellen - Escute aqui seu monstro... (Leonard tapa a boca de Ellen)
Leonard - Quero dizer que te amo.
Ellen - Voc� est� louco!
Leonard - N�o ser� o amor a �nica loucura permitida socialmente ?!?!
Ellen - Voc� �... (ele amorda�a-a antes que ela complete a frase) (ela se debate)
Leonard -Voc� � a �nica luz que brilha em minha vida. (M�sica tema em flauta. Ele alisa carinhosamente os cabelos dela. Ela come�a resistindo e lentamente vai cedendo � car�cia. Bolinhas de sab�o come�am a surgir das laterais sobre eles.).
Leonard - James!
James - Sim, Mestre
Leonard - Leve-a, coloque-a no melhor de todos os aposentos da casa. Deixe-a amarrada e amorda�ada, entendeu?!?!
James - Sim, Mestre (sai levando a cantora)
(Leonard fica em cena. M�sica tema tocando lentamente. Luz vai baixando em resist�ncia. Som de rel�gio. Luz morre em Leonard e abre em James est�tico num canto. Entra a M�e).
M�e - Sabe de meu filho, James?
James - Sim, madame
M�e - Est� como sempre olhando aquela mo�a?
James - Sim, madame
M�e - Voc� acha que esta hist�ria pode acabar bem?!
James - N�o sei dizer, madame
M�e - H� semanas que esta mo�a est� aqui, meu filho n�o faz outra coisa a n�o ser agrad�-la o tempo todo. Ele pensa que assim vai conquist�-la. Voc� acha poss�vel, James?
James - N�o, madame
M�e - Coitado de meu filho... Foi uma crian�a t�o feliz. Um adolescente com tantas portas abertas... Podia ser tudo o que quisesse (pausa) Se n�o fosse o acidente n�o viveria como tem vivido, n�o acha James?
James - Sim, madame
M�e - Mas o que estou fazendo eu, conversando coisas de fam�lia com voc�. Deculpe se te aborre�o, meu caro james
James - Pode sempre contar comigo, Madame.
M�e - Obrigado James, � muito bom t�-lo aqui. Agora vou ver Leonard. (Transi��o de luz. Passagem dos dias, sonoplastia. Leonard entra)
(Entra "Leonard" com algumas flores nas m�os e come�a a trabalh�-las em forma de "bouquet")
M�e - Ando preocupada com voc� meu filho.
Leonard - Nunca estive t�o bem!
M�e - Desculpe me intrometer em sua intimidade, mas, fa�o isto, em
nome de tantos segredos que dividimos filho.
Leonard - Continue minha m�e.
M�e - Suas atitudes em rela��o a sua amada n�o t�m sido corretas.
(Virna entra...Leonard para e passa a olhar fixamente para Virna) (Ellen aproxima-se sem ser vista e fica a escutar o assunto).
Leonard - O que mais um homem como eu, pode fazer, para ter junto a si a mulher amada, diga m�e?
Virna - Mant�-la presa fisicamente n�o significa que ter� o seu cora��o.
M�e - Quem sabe ele te ouve, querida Virna?
Leonard - Ela n�o est� mais amarrada, nem amorda�ada. Est� livre!
M�e - Presa aqui, ela est� livre meu filho? Pense... e diga... acredita que ela est� livre?
Leonard - N�o posso viver sem ela...
Virna - Se a ama de fato, permita que ela possa saborear as belezas do mundo.
M�e - Ou�a as sabias palavras de Virna.
Leonard - E em mim, voc� n�o pensa?
M�e - Muito... por isso estamos conversando. Fique agora com Virna. Tenho afazeres, volto em seguida.
Virna -Seu sofrimento, desde o acidente, n�o � desculpa para provocar sofrimento em outros, principalmente em quem ama tanto, e, h� tanto tempo.
Leonard - N�o deixas de ter raz�o.
Petrus - Os homens �ntegros esquecem um poucos sua dor e raciocinam.
Leonard - Disse alguma coisa, Petrus?
Virna - (caminhando at� Petrus) Pede para que voc� raciocine, menino.
Petrus - A maior de todas as alegrias � estar vivo... vivo... muito vivo.
Leonard - E n�o estou?
Virna - Ele diz para que n�o tenhas piedade de si pr�prio. Mesmo que tenhas o maior de todos os sofrimentos... lute...lute como um homem. (Petrus agita-se)
Petrus - Luta.. Eu vi.. Eu vi a luta.. a luta.. eu vi.. (prende a cabe�a com as m�os) a luta ( vai voltando a ficar em um �nico movimento e repetindo "a luta")
Leonard - As palavras de Petrus s�o sempre t�o confusas, Virna. Me angustiam.
Virna - Busque em voc� o porque de tudo. As palavras de Petrus, as
minhas, seus sentimentos, suas a��es, suas angustias. Junte tudo e tenho certeza de sua decis�o ser� a de um homem de alma divina e princ�pios humanos.
Leonard - Vou tentar.
Petrus - Alguma coisa me diz que ele consegue... ele... ele... ele... luta... (novamente prende a cabe�a com as m�os)
Virna - Todos t�m suas dores, menino. A sua, n�o � maior e nem menor do que ningu�m. Ela � apenas sua, doe apenas em voc�, e, s� por isso parece maior. Aprenda a conviver com
suas dores, isto, o far� melhor e menos amargo. Venha Petrus. (Leonard fica s�, pensando.. Ellen entra em cena e encontra Leonard)
Ellen - Queria mesmo falar contigo
Leonard - Se vai pedir para que eu a liberte n�o precisa. ( Ela tampa sua boca num gesto delicado)
Ellen - Respeito seus sentimentos, mas...
Leonard - Ningu�m espera que a lua se apaixone por um gr�o de areia. (levantando-se)
Ellen - Amei uma �nica vez na vida... Ele sumiu... Ainda �ramos muito jovens quando... (Barulho... gritos... fora fora do teatro sons confusos como se o espa�o estivesse sendo invadido.) ( Ellen p�ra para ouvir)
Leonard - Continue...
Ellen- O que est� acontecendo l� fora?
Leonard - Fique... vou ver.
( O som aumenta e surge no fundo do teatro, Igor, gritando)
Igor - Ellen... Ellen... Voc� est� aqui, eu sei!
(Ellen levanta-se num pulo)
Ellen - Igor pare
(Leonard corre e pega sua espada, Igor tamb�m pega a sua)
Igor - Solte esta jovem em nome do Rei...
Ellen - Pare Igor...
Leonard - Venha rapaz, lute por ela.
(A luta come�a enquanto Ellen tenta a todo instante interferir aproximando-se, mas acaba sendo afastada por Leonard)
Leonard - (Lutando) Afaste-se, vamos
(Igor e Leonard balbuciam v�rias palavras e frases enquanto lutam, at� que em determinado momento Leonard consegue retirar (jogar longe) a espada de Igor que corre para peg�-la e cai, Leonard aproxima-se e coloca a espada em seu pesco�o como se fosse mat�-lo...) (Ellen desespera-se)
Leonard - Podia mat�-lo agora
Igor - Mate-me
Petrus - A dor da derrota � maior. (vibrando de longe) Deixa... Deixa viver!
Igor - (gritando) Mate-me
Virna - Pense rapaz (alto... de longe)
Leonard - Levanta-se... (sempre apontando sua espada) V� embora rapaz, v� viver sua vida.
Igor - Venha comigo Ellen.
(Ellen faz com a cabe�a que n�o)
Igor - Venha Ellen... Venha.
Petrus - A luta... a luta... eu vi... grande luta
Leonard - V� rapaz... siga tua vida
(Igor sai carregado por figuras de negro)
(Leonard volta caminhando at� Ellen lentamente)
(Ela senta-se na cadeira dele)
Leonard - Voc� dizia...
Ellen - Nem sei mais o que dizia.
Leonard - Do menino que amavas...
Ellen - Me preocupo com Igor, ... para onde o levaram?
Leonard - Apenas para fora. De l�, ir� para onde quiser. Ainda ama o
rapaz de sua inf�ncia?
Ellen - Nunca deixei de am�-lo, mas, para que pudesse sobreviver
at� hoje tive que fantasiar sua volta. Mas, porque queres saber tanto dele?
Leonard - N�o desista de esper�-lo... A lembran�a dos dias que tinha seu carinho, deram-lhe for�a para lutar pela vida.
Ellen - Assim espero. Voc� disse que me deixaria ir.
Leonard - Se quiseres...
Ellen - Tenho que ir.
Leonard - Porque?
Ellen - Tantas coisas..., mas, n�o se preocupe seus segredos ser�o meus. Voltarei de tempos em tempos. ( num gesto de carinho) Voc� � gentil sincero e...
Leonard - Daria minha vida por ti.
Ellen - Queria tanto poder re... (ele tampa seus l�bios)
Leonard - N�o diga nada... v�... seja feliz...e, que Deus te acompanhe
(Ela olha para ele, segura suas m�os os est�o se afastando lentamente)
Ellen - Obrigado Leonard
( A separa��o das m�os � t�o lenta quanto TV em "slow motion") (Ela vai se afastando pelo corredor sempre com a m�sica tema tocando) (Leonard vira o rosto) (H� tristeza no olhar dos dois) (Quando ela come�a a sumir...)
Leonard - Adeus... "Anjo Azul" (M�sica p�ra/ Ellen p�ra abruptamente)
Ellen - O que disseste Leonard?
(Caminhando lentamente de volta)
Leonard - Disse adeus "Meu Anjo Azul"
Ellen - Como sabes que ele me chamava assim?
Leonard - N�o sei
(Ellen vai retornando rapidamente do palco)
Ellen - Porque escondes teu rosto, Leonard?
Leonard - Um acidente
Ellen - H� muito tempo?
Leonard - Muito...muito tempo
Ellen - Sempre viveste aqui?
Leonard - N�o... at� o acidente vivi os dias mais felizes de minha vida
Ellen - Onde?
(Leonard cala-se e vira o rosto. Ela vira o rosto dele para ela)
Ellen - Onde? Diga onde, por favor?
Leonard - Em Cadis
Ellen - Tinhas este mesmo nome?
Leonard - Sim... Minha fam�lia sempre chamou-me assim.
Ellen - (decepcionada) Ah! Sim
Leonard - Mas...
Ellen - Diga
Leonard - Sou Anthony... Anthony Joseph Leonard
Ellen - �s tu... anthony... o meu Anthony...
Leonard - Sim "Anjo"
Ellen - O Anthony por quem espereir por toda a minha vida. (pausa longa) Por que fugiste?
Leonard - N�o fug�. O acidente fez com que me afastassem da cidade por mais de um ano. (pausa). Quando voltei n�o estavas mais.
Ellen - E porque n�o me procuraste?
Leonard - Procurei. Muito... por muito tempo, e quando te encontrei... perdi a coragem de me revelar, por isso, venho sofrendo cada dia da minha vida.
Ellen - N�o precisa sofrer mais. (tira a m�scara). Eu te amo.
(Ellen vai retirando sua m�scara enquanto Leonard fica est�tico... m�sica tema inicia em B6)
(Ellen acaricia seu rosto/// aproxima-se de uma vela, acende e traz pr�ximo para poder abserv�-lo melhor. O acaricia, mas Leonard continua parado. M�sica vai subindo. Ela continua acariciando seu rosto como se n�o acreditasse)
Voz de Virna - Os fortes de esp�rito sempre vencem. Eles caminham at� a cadeira, acendem todas as velas do candelabro, sentam-se juntos na cadeira, olhando um para o outro, iluminados apenas pela contra - luz das velas e v�o aproximando o rosto como se fossem beijar-se quando estiverem bem pr�ximos a m�sica tema sobe ao m�ximo e as velas apagam-se FIM
| Conhecer
Gina imediatamente |
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